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Lombalgia Ou Dor Lombar

Lombalgia não é uma doença e sim um sintoma.

Lombalgia é a dor que ocorre na região lombar – região situada entre a última costela e o início da nádega. Estima-se que até 84% da população sofrerá, em algum momento de sua vida, dor na região lombar, e em alguns casos a dor se tornará crônica.

Mais de 50% dos pacientes melhora após 1 semana; 90% após 8 semanas; e apenas 5% continuam apresentando os sintomas por mais de 6 meses ou apresentam alguma incapacidade.

A lombalgia é o segundo problema de saúde mais comum, ficando atrás apenas do resfriado. É a causa mais frequente de incapacidade laboral em pessoas com menos de 45 anos, tendo um impacto econômico social enorme.

A maioria das dores lombares é causada pelo “mau uso” ou “uso excessivo” das estruturas da coluna (resultando em entorses e distensões), esforços repetitivos, excesso de peso, pequenos traumas, condicionamento físico inadequado, erro postural, posição não ergonômica no trabalho e osteoartrose da coluna (com o passar do tempo, as estruturas da coluna vão se desgastando, podendo levar à degeneração dos discos intervertebrais e articulações). Outras causas incluem doenças inflamatórias como a espondilite anquilosante, infecções, tumores, etc.

Pode-se classificar a lombalgia como aguda, quando dura até 4 semanas, subaguda, quando dura de quatro semanas a três meses, ou crônica, quando persiste por um período de tempo mais prolongado.

Em torno de 80% dos pacientes apresentam melhora do quadro doloroso, independentemente do tipo de tratamento, em um período de 4 a 6 semanas. Somente 5-10% dos pacientes apresentam dores que duram mais de seis meses.

Apesar disso, a recorrência é bastante comum, sendo que até 70% dos pacientes apresentarão novo episódio de dor.

Causas

As principais estruturas que podem estar implicadas na gênese da lombalgia são:

  • Disco intervertebral
  • Articulações entre as vértebras
  • Músculos e ligamentos
  • Periósteo, raiz nervosa, gânglios nervosos, etc

Na lombalgia há uma associação entre fatores musculares e psicossociais que geram condutas de evitação, medo e atrofia muscular, provocando um círculo vicioso que favorece a cronificação e a incapacidade.

Cerca de 90% dos casos não apresentam nenhum tipo de lesão demonstrável, razão pela qual o problema é classificado como lombalgia inespecífica.

Lombalgia crônica ocorre por um longo período de tempo e tem como causas mais comum: osteoartrite, artrite reumatoide, tumores (incluindo câncer), degeneração dos discos entre a vértebra ou hérnia no disco lombar, más posturas.

Existem inúmeros fatores de risco envolvidos no processo, entre eles a obesidade, o tabagismo, o sedentarismo, insatisfação com o trabalho, problemas conjugais, fatores psicossociais, problemas de litígio com empregador, realização de trabalhos pesados / forçados, erros posturais, entre outros.

Causas

As causas que estão na origem da lombalgia são variadas:

  • Excesso de peso corporal/obesidade;
  • Adoção de posturas incorretas quando se está sentado ou de pé durante longos períodos de tempo;
  • Levantamento de peso excessivo e/ou por um período de tempo prolongado, principalmente se realizado de uma forma inadequada;

O repouso, embora recomendado na fase aguda, deve limitar-se a um curto período uma vez que seu prolongamento retarda a recuperação e favorece a cronificação do processo sobretudo por facilitar a perda de força muscular.

O diagnóstico das lombalgias é, via de regra, clínico. Exames de imagem em geral não são solicitados em lombalgias agudas, apenas nos casos em que são observados alguns sinais de alerta como febre, perda de peso, déficit neurológico, idade acima de 50 anos e trauma. Quando há persistência da dor por mais 4-6 semanas os exames devem ser solicitados. O raio x simples geralmente é o primeiro exame. Outros exames incluem a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, todos com indicação criteriosa e embasada em hipótese diagnóstica. Achados anormais em um exame de imagem não necessariamente explicam a causa da dor, ou seja, pessoas sem qualquer sintoma podem apresentar em exames alterações estruturais na coluna que talvez nunca causarão dor ou outros sintomas assim como pessoas com sintomas de dor podem apresentar exames absolutamente normais. Portanto os exames de imagem sempre devem ser analisados caso a caso e correlacionados com as manifestações de cada pessoa individualmente.

As lesões nos músculos e nos ligamentos parecem ser as causas mais comuns em adolescentes e adultos jovens, enquanto que os processos degenerativos, acometendo as articulações facetarias e os discos intervertebrais são as causas mais comuns em pessoas de mais idade.

Mas é em apenas uma pequena parte dos casos de lombalgia que um diagnóstico anatômico preciso consegue ser estabelecido. Numa grande parte dos casos não se consegue identificar uma explicação concreta para a ocorrência da dor. Frequentemente as causas da lombalgia dão origem a um espasmo muscular, que acarreta o aparecimento de dor, que por sua vez produz maior espasmo muscular. Torna-se então necessário interromper este ciclo vicioso com algumas intervenções terapêuticas.

Na maioria dos casos, não são necessários exames na (s) consulta (s) inicial (is).

Os exames complementares – de laboratório e/ou de imagem – devem ser solicitados quando se identificam alguns sinais, ditos “sinais de alerta”, identificados pelo médico durante a consulta, e em casos selecionados que não estejam respondendo ao tratamento inicial proposto.

Com relação ao tratamento, como já dito antes, a maioria dos pacientes apresenta melhora num curto espaço de tempo. De maneira geral, se indicam repouso por curto período de tempo, medicação analgésica e anti-inflamatória, e em alguns casos associação com relaxantes musculares.

Após o período agudo de dor, inicia-se o trabalho de reabilitação, onde se destaca o papel da fisioterapia e das atividades físicas controladas. Também se recomendam modificações de atividades que sabidamente desencadeiam dor e remanejamento de função em casos selecionados.

A reabilitação com exercícios de alongamento e fortalecimento muscular além da reeducação postural são fundamentais para reduzir os sintomas e prevenir o retorno das dores. Outras intervenções incluem TENS, acupuntura, terapia cognitivo-comportamental e infiltração. Os coletes e cintas só devem ser usados na crise aguda ou quando há instabilidade da coluna. O uso contínuo pode levar à hipotrofia muscular gerando um círculo vicioso de dor.

O tratamento cirúrgico raramente é indicado, pois não há evidência cientifica que comprove a conduta para a grande maioria dos casos. Exceções ocorrem em casos específicos, onde há uma causa ou fator evidente para a dor, como em casos de instabilidade ou espondilólise.

Radiografia simples (raios X da coluna)

Não é necessário na avaliação inicial da pessoa com suspeita de lombalgia mecânica; radiografias normais não descartam esse diagnóstico enquanto muitas alterações não têm relação com a dor e constituem apenas achados casuais. Ao redor dos 50 anos, 67% têm comprometimento discal como encurtamento do espaço intervertebral, e 20% possuíram osteófitos enquanto apenas 13% das pessoas dessa faixa etária com ou sem dor lombar têm radiografia normal.10 Outro estudo demonstrou que até 75% dos achados em pessoas com lombalgia eram sem significado clínico.11 As principais indicações são:

  • Falha do tratamento conservador com persistência ou piora da dor;
  • Assimetria nos reflexos;
  • Dor localizada;
  • Idoso com lombalgia de início recente.

Conduta proposta

Tratamento

Tabela 193.3. Principais tratamentos não farmacológicos disponíveis15

Uma parte importante do arsenal terapêutico para lombalgia de origem mecânica, em especial não irradiada, não é farmacológico. Embora não seja de interesse da indústria farmacêutica, há cada vez mais estudos demonstrando a eficácia de várias alternativas. As principais estão listadas na Tabela 193.3.

Figura 193.1. Orientações Posturais.

Os antidepressivos não são recomendados para tratamento das lombalgias exceto tricíclicos que podem ser usados em baixas doses na lombalgia crônica para aumentar limiar da dor.

DICAS

Aproximadamente 90% das lombalgias são de causa mecânica sendo que na maioria dos casos não se acha uma alteração radiológica que justifique.

O prognóstico é ruim se a dor persiste mais que 3 meses e em especial se persiste mais de 1 ano; nesse caso, várias alternativas farmacológicas e não farmacológicas devem ser testadas estando sempre alerta para os riscos.

Os principais fatores de risco de cronicidade são depressão, insatisfação no trabalho, dor recorrente e dor irradiada até abaixo do joelho.

Na ausência de sinais de alerta vermelho, 4 a 6 semanas de tratamento em geral são suficientes.

Em grande parte dos casos, a utilização de analgésicos e/ou anti-inflamatórios não esteroides por curto período é suficiente.

Repouso por mais de 3 dias é, em geral, nocivo.

Explicar o tempo esperado para alívio da dor, reforçar que tem grandes chances de remissão ou melhora importante e alertar para possíveis fatores agravantes ajudam na recuperação.

Tratamentos não farmacológicos que envolvem desde mudança de hábitos de vida até calor local, massagem e acupuntura devem ser sempre abordados e oferecidos conforme disponibilidade e aceitação da pessoa.

Discutir casos difíceis nas equipes multiprofissionais que atuam na atenção primária.

É importante o suporte de equipes multiprofissionais que tenham, dentre outros profissionais, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos para o tratamento das lombalgias crônicas com o enfoque na reabilitação da pessoa.

Prognóstico e complicações possíveis

Grande parte dos indivíduos melhora em 1 semana, e a vasta maioria em 8 semanas. Estudos têm demonstrado que 80-90% das pessoas terão superado o episódio de lombalgia em até 12 semanas.15 Quanto mais tempo a lombalgia se prolonga, pior é o prognóstico. Quando a dor se prolonga por mais de 12 semanas, a chance de cronicidade é muito grande atingindo até dois terços destes pacientes.

Formas de prevenção da lombalgia

Existem várias formas de prevenir o aparecimento da lombalgia:

•             Evitar o excesso de peso corporal;

•             Manter uma postura correta em pé (cabeça e tronco direitos, peito para fora, caminhando de uma forma que permita a distribuição do peso corporal pelas duas pernas);

•             Manter uma postura correta sentado (apoiar bem as costas na cadeira, ter os pés bem assentes no chão, com os joelhos fletidos em ângulos retos. A manutenção de uma boa postura enquanto sentado também depende da existência de mobiliário ergonomicamente adaptado ao corpo;

•             Manter uma postura correta ao levantar um peso (segurá-lo junto ao corpo, dobrar só os joelhos, deixar as pernas levantá-lo fazendo o movimento de levantar ou baixar sempre com o corpo direito);

•             Praticar exercício físico regularmente, de uma forma moderada e adaptado às possibilidades físicas do paciente, com o objetivo de melhorar a forma física (força, flexibilidade e capacidade aeróbica)

•             A melhor forma de evitar o aparecimento da doença é através da prática de alongamento, de duas a três vezes por semana. Além disso, nos trabalhos em que se passa a maior parte do tempo sentado, é preciso verificar se há recurso de ajuste do encosto e da altura da cadeira. A mesa deve ficar na altura do cotovelo. Sentar bem encostado e alinhado com o eixo da cadeira também é muito importante.

•             Além disso, devem-se evitar torções do tronco e do pescoço, como pegar um objeto atrás do corpo ou segurar o telefone com os ombros. E nunca se esquecer de fazer uma pausa a cada hora de trabalho para dar uma espreguiçada, caminhar um pouco, para só depois sentar novamente.


Exercícios para Lombalgias

Plano de Exercícios Domiciliares

Realize 5 repetições de cada um dos exercícios descritos, mantendo a posição durante 3 respirações. Entre cada repetição repouse durante 3 respirações.

Na totalidade realize 3 séries de 5 repetições cada um dos exercícios (numa fase inicial ou em caso de sintomatologia dolorosa muito acentuada reduza o número de séries e/ou o número de repetições de cada exercício).

Inicie deitado de barriga para cima com os joelhos dobrados, os pés apoiados no chão e os braços ao longo do corpo.

Inspire enchendo a barriga de ar, expire relaxando.

Puxe uma das pernas para si.

Troque de perna.

Por fim puxe as duas simultaneamente.

Arqueie as costas, separando a zona inferior das costas do chão.

Encolha a barriga sem curvar o tórax.

 Sentado sobre os calcanhares e com as mãos acima da cabeça caminhe com as mãos para a direita e posteriormente para a esquerda.

Com as mãos apoiadas no chão empurre o tronco para trás esticando os cotovelos, sem levantar a bacia da superfície. Em alternativa pode fazê-lo em pé mãos atrás das costas e inclinando-se para trás.

 Levante a perna direita. Levante a esquerda.

 Levante a cabeça e os ombros da superfície de apoio.

 Traga as pernas em direção à barriga e depois estenda os joelhos.

 Termine como iniciou, com a respiração.

Nota: Nas primeiras vezes que realizar estes exercícios pode haver uma exacerbação da sintomatologia dolorosa, que acontece de forma normal. Contudo, no caso de continuidade a longo prazo da sintomatologia dolorosa ou exacerbação da mesma consulte imediatamente o seu fisioterapeuta ou médico.

Outros Tratamentos

A cirurgia foi muito tranquila. Os Drs são excelentes. Me sinto nova e voltei a fazer as minhas atividades.

Patrícia Constantinópla
Cirurgia da Coluna